Monday, June 25, 2007

A falsa lombada eletrônica

Pois a concessionária da RS 115, a empresa Brita (que homenageia no próprio nome o ex-governador que impulsionou esta produtiva atividade econômica no Estado), inovou de verdade. Instalou 4 radares fixos que medem a velocidade dos veículos, informando-a num visor digital, exatamente como as lombadas eletrônicas. Com uma diferença fundamental: não multam quem exceder o limite. O fato é que os motoristas, ao menos enquanto não se acostumaram, só de ver o negócio já tiram o pé do acelerador.
Seria uma iniciativa com finalidade educativa? Tenho certeza de que a empresa deve ter algum argumento em defesa desta hipótese. Mas o que não deixa dúvidas é o potencial comercial da novidade. Nas placas, lê-se "... informa a sua velocidade:" (e segue-se o número resultante da leitura do radar). Os pontinhos indicam o espaço para você colocar a sua marca, caro empresário leitor.
Ou seja, trata-se de mais um espaço de publicidade, que irá complementar a renda da pobre concessionária. (Por sinal, alguém faz idéia do tamanho desse "complemento", considerando-se toda a rede viária concedida no estado? Qual a participação das concessionárias nesta arrecadação? Esperemos que a CPI responda ou torne pública esta informação.)
Teria a autoridade estadual considerado que uma tal "sinalização" informativa da velocidade não é apenas inútil (ao menos para carros que têm velocímetro como equipamento obrigatório), mas não prevista na legislação de trânsito e até prejudicial ao fluxo de veículos, quando não potencial provocadora de acidentes?

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Monday, May 14, 2007

vergonha de ser gaúcho III

Diversos blogs locais já divulgaram a notícia, aparentemente foi o RSUrgente o primeiro deles. Alguns comentários questionam a veracidade, mas eu ouvi pela primeira vez na rádio Band, pelo comentário do Leonardo Meneghetti.
Mônica Leal lançou, através de um colunista social da maior reputação em nosso meio, num encontro de secretários de cultura, a idéia de um baile de debutantes nacional!
Os secretários de cultura de todo o Brasil a esta altura estão rindo de nós gaúchos. Quem mandou eleger a Yeda?
Ao menos descobri uns quantos blogs "irmãos", igualmente indignados com nossas provincianas e malcheirosas instituições midiáticas.

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Sunday, May 06, 2007

ninguem mexe no meu queijo

Agora é sério. Porto Alegre vai ter aeromóvel. Talvez até tenha dois!
Sábia decisão, com vinte anos de atraso, motivada pelos recentes e apocalípticos relatórios sobre o futuro do nosso planeta? Como sempre, me entusiasmei ao ler as manchetes, para me decepcionar depois de ler as matérias. Fiquei sabendo o seguinte:
Que a empresa Aeromóvel Brasil assinou carta de intenções com a Trensurb, para buscar recursos para a análise de viabilidade de implantação de uma linha de 900 m de extensão (nossa!) entre a Estação Aeroporto do metrô mais lento do mundo e o Aeroporto Internacional Salgado Filho. Trajeto que, vamos combinar, pode ser cumprido com uma esteira rolante, como no Aeroporto do Rio.
Que outro projeto, para uma linha de 2,27km (aaah!), será viabilizado através de uma parceria entre a PUC e a UFRGS, envolvendo 58 pesquisadores, 40 bolsistas e 10 laboratórios destas Universidades. Esta obra já conta o suporte de R$ 3,4 milhões concedidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Estes recursos iniciais bancarão um estudo para aplicação do veículo e da via, a construção de (mais) um protótipo em escala real, com 150 m e o aperfeiçoamento da propulsão a ar, entre outros itens preparatórios. (Todos os testes do Aeromóvel já construído em Porto Alegre pela bagatela de US$ 6 milhões, devem ter ficado desatualizados, pois foram feitos há mais de 20 anos...)
Como os recursos do MCT e da UFRGS(MEC) são escassos, é natural que o governo priorize uma obra que vai trazer benefícios para a maioria da população da cidade, certo? Errado. A linha deverá ligar o Campus Central, o Parque Esportivo e o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica, beneficiando quase que exclusivamente seus alunos e funcionários. Bem, talvez a PUC nem cobre passagem dos alunos, afinal já ganham tanto pelo estacionamento
Para quem não sabe, o Aeromóvel está em uso desde 1989, numa linha de 3,5 quilômetros, num parque de Jacarta (Indonésia), onde há centros de convenção, prédios culturais e uma universidade (será pública ou privada?). Até hoje é a única linha em operação comercial no mundo, onde já transportou, sem falhas, mais de 14 milhões de passageiros.

Em Porto Alegre, como sabemos, qualquer alternativa ao ônibus sofre a pressão implacável do oligopólio. Por isso nossa cidade, com 72 km de orla lacustre navegável, despreza até hoje esta via, usada apenas para "passeios turísticos". Por isso Porto Alegre só tem ciclovias aos domingos e feriados. Por isso, é preciso domesticar também o Aeromóvel. Mas não precisava privatizá-lo.
Embora o Aeromóvel seja um meio de transporte infinitamente menos poluente, foi o projeto Portais da Cidade que a prefeitura escolheu como a panacéia para diminuir a poluição e o congestionamento no centro da cidade, pois não mexe no queijo da ATP. Assim como a administração anterior escolheu colocar corredores de ônibus (no lugar de ciclovias por exemplo) dentro da terceira perimetral.

Monday, April 30, 2007

papai noel e a isenção da imprensa

Mais uma ilusão que vai pro brejo. Eu confesso que escuto a Band pelo rádio toda a manhã, porque ainda acreditava que era melhor que a RBS. Alguma coisa se salvava.
Aí escuto o Afonso Ritter dizer que viajou à Finlândia a convite da Stora Enso, para conhecer as florestas de lá. Voltou dizendo que "se o eucalipto é exótico, eu também sou, afinal meus antepassados vieram da Alemanha".
A propósito, você já notaram como a Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias patrocina programas de rádio? Com o dinheiro de quem? Vejam, é uma coisa absolutamente necessária anunciar, porque senão o cliente pode mudar para a concorrência, não é mesmo?
Enquanto isso, se você ler a Revista Caros Amigos, vai ficar sabendo que no Paraná o Governo do Estado está mandando asfaltar os desvios dos pedágios. Só vai dar na imprensa daqui se a justiça mandar ele parar.

mais andares, mais empregos

Triste papel representa o sindicato dos trabalhadores na construção civil, ao reclamar junto ao Prefeito Municipal que as alterações propostas no Plano Diretor irão causar a demissão de 8 mil trabalhadores.
Claro, quanto mais andares, mais empregos. Por isto é que cidades pequenas do interior têm mais desemprego que as metrópoles. Tudo culpa da falta de andares.
Pura balela.
Enquanto isso, um estudo feito na Holanda (Universidade de Utrecht) concluiu que "amenidades como a cultura, a beleza ambiental e... a quantidade de prédios históricos são os maiores atrativos das cidades holandesas para a classe criativa".
"Classe criativa", o leitor não é obrigado a saber, é um conceito bastante interessante inventado pelo economista americano Richard Florida, que abrange um largo campo de profissionais qualificados em diversos campos da atividade econômica, incluindo evidentemente as ciências e as artes. Mais detalhes no seu livro The rise of creative class. (Senhores editores, favor traduzir urgente para o Brasil!)

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