escolha a sua morte favorita

O assunto, como os cadáveres, já esfriou bastante, mas não sou jornalista como vocês já devem ter percebido, por isso...
155 pessoas morreram no acidente com o avião da Gol, na véspera do primeiro turno das eleições. Os candidatos unanimemente manifestaram seus sentimentos às famílias. O presidente decretou luto oficial.
Abri o jornal da segunda-feira seguinte e constatei que 8 pessoas tinham morrido no trânsito, apenas no Rio Grande do Sul. No fim de semana seguinte, o número foi parecido. Como o estado responde por aproximadamente 10% da economia nacional, multiplicando esses números por 10 temos 160 mortos no país em duas semanas! Sem luto e sem candidatos. É uma morte tão pouco glamurosa, não é mesmo? Nem se fundam associações dos familiares das vítimas.
A resposta dos governantes a esses números é pífia, covarde e portanto cúmplice dessa carnificina. O ano se encaminha para o fim sem que Porto Alegre tenha inaugurado uma única linha de transporte hidroviário de passageiros ou uma ciclovia de verdade (que permita aos trabalhadores se deslocarem nos dias úteis, e não apenas passearem de um parque a outro no fim de semana). Quem ganha com isso vocês todos sabem. Não é preciso olhar as relações de doadores de campanha.